Manifesto Okupa U. Minho

Nós, Estudantes Pela Palestina na U. Minho, defendemos que as instituições de ensino devem ser espaços de reflexão, questionamento crítico do conhecimento e de ideias, e de ação

A Universidade do Minho forma pessoas que agem na sociedade e que serão parte do futuro do nosso país. Por isso, defendemos avidamente o dever e a responsabilidade de fomentar o espírito crítico e de tomar posicionamentos claros quanto a todos os assuntos que envolvam a salvaguarda dos Direitos Humanos.

Dito isto, estamos a ocupar o nosso espaço de luta por direito, porque 76 anos é tempo demais. 76 anos é o tempo que dura a política segregacionista e opressiva de Israel. 1 dia de apartheid já seria 1 dia a mais. Por isso, não podemos mais permanecer em silêncio e permitir a perpetuação de um sistema injusto, que contou (e conta) com a participação e cumplicidade de inúmeras instituições do nosso país, entre elas a Universidade do Minho. Em boa consciência, essa cumplicidade não poderá ser mais tolerada.

Reivindicamos, assim, uma mobilização de esforços, principalmente dos órgãos de poder e decisão da nossa Universidade e do nosso país, pelo fim do apartheid e do genocídio a decorrer na Palestina. Acreditamos que TODOS os povos devem ter os seus direitos humanos respeitados, assim como o direito à autodeterminação, de acordo com o direito internacional e com o consenso da ampla maioria da comunidade internacional. Deste modo, embora estejamos a demonstrar o nosso apoio para com o povo palestino, também apoiamos o Congo, Sudão, Iémen, Mianmar, Curdistão, e todos os povos oprimidos.

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, afastou, este mês de Maio, a hipótese de as universidades suspenderem as suas parcerias com instituições Israelitas (Bento, 20024). O Conselho Geral da Universidade do Minho continua sem uma decisão tomada em relação ao reconhecimento do povo Palestino. Bastaram quatro dias para a Universidade do Minho aprovar, por votação em Conselho Geral, a manifestação do seu apoio para com a Ucrânia. A Palestina espera o mesmo voto há 234 dias. Exigimos que na próxima reunião do Conselho Geral seja tomada uma posição concreta relativamente ao genocídio que o Estado de Israel está a cometer para com o povo da Palestina. Inspiradas pela nossa vizinha Espanha (ver Esquerda, 2024; Lusa, 2024; Monteiro, 2024), sublinhamos que Israel tem de respeitar o direito internacional, e que os organismos internacionais têm o dever de se articular para garantir a reconstrução do território palestino o mais rapidamente possível.

Posto isto, à Universidade do Minho, especificamente, exigimos:

  • Um posicionamento inequívoco quanto ao reconhecimento do genocídio a decorrer atualmente na Palestina;
  • Uma revisão profunda dos acordos com as universidades e centros de investigação israelitas, bem como a avaliação da necessidade de os cessar;
  • Intensificação da cooperação com instituições de ensino e centros de investigação da Palestina;
  • Reforçar os programas de cooperação, voluntariado e assistência humanitária à população palestina.

O coletivo Estudantes Pela Palestina UMinho acredita que as reivindicações neste manifesto estabelecidas são perfeitamente sensatas no contexto do genocídio que está a ser cometido pelo Estado de Israel na Palestina, e exige uma reunião com o Reitor da Universidade do Minho, Professor Doutor Rui Vieira de Castro, para discutir estas reivindicações, na esperança de que a Universidade do Minho corrija os seus erros.

Repudiamos discursos antissemitas, bem como qualquer discurso de ódio. Lutaremos sempre pela liberdade e contra todas as formas de violência.

O Coletivo,

ESTUDANTES PELA PALESTINA UMINHO

28 de maio de 2024

Referências

Bento, H. (2024, 15 de maio). Universidades portuguesas afastam corte de relações conjunto com instituições israelitas. Expresso. https://expresso.pt/sociedade/2024-05-15-universidades-portuguesas-afastam-corte-de-relacoes-conjunto-com-instituicoes-israelitas-41b4a9a5

Esquerda (2024, 10 de maio).Universidades de Espanha suspendem parcerias com Israel. Em Lisboa chamam a polícia para reprimir estudantes. Esquerda. https://www.esquerda.net/artigo/universidades-de-espanha-suspendem-parcerias-com-israel-em-lisboa-chamam-policia-para

Lusa, A. (2024, 22 de maio). Mais duas universidades espanholas cortaram relações com Israel. DNOTICIAS.PT. https://www.dnoticias.pt/2024/5/21/406301-mais-duas-universidades-espanholas-cortaram-relacoes-com-israel/

Monteiro, L. (2024, 18 de maio). A semana em que os estudantes provaram que a ocupação é uma arma contra o genocídio. Expresso. https://expresso.pt/sociedade/2024-05-15-universidades-portuguesas-afastam-corte-de-relacoes-conjunto-com-instituicoes-israelitas-41b4a9a5